Domingo. Céu azul de doer os olhos. Campeche. Uma lindeza só. Algumas gaivotas voando naquele azul que se confunde com o mar. Mané dá uma olhada procurando um lugar propício para lançar sua canoa mar adentro. Algumas ondas, a arrebentação e agora só ele, o mar, o céu e o azul. Joga o anzol no azul. Olha o azul. Espera no azul. O tempo passa. O mar, o céu, o azul, o anzol. De novo o anzol puxa. Faz espuma no azul. Mané puxa a linha. Puxa com mais força. Ele surge do azul com a boca aberta buscando o azul. Quer o azul. A língua rasgada. Mane vê o peixe lutando pela vida, pelo azul. Estabanado o peixe. Estabanado o Mane. Mane é ágil. Consegue no azul retirar o peixe. Volta para a praia. Arrasta o peixe na areia até sua casa na vila de pescadores. A comida está garantida. A areia começa a esquentar debaixo dos pés do Mane. A casa é logo ali. O azul ficando para trás. O sol está cada vez mais quente. Ô Mariquinha, tá aqui a bóia, o pexe ta ali no tanque pra limpar.


Não dê o peixe pronto, ensine a pescar.

Mané chega em casa e joga o belo almoço em cima da mesa: um belo cação pescado na hora.
Com água na boca, ele chama Mariquinha:

- Mulher, limpa esse pexe pra gente cume.
E lá vai, Mariquinha obedecendo ao marido, limpar o peixe. Depois de limp ela prepara uma daquelas receitas suculentas, que só mulher de pescador sabe fazer:

Caldo de peixe da Mariquinha

Ingredientes: 1 cação grande
1 cebola picada
Folhas de alfavaca
2 tomates sem pele picados
1 pimentão
1 maço de cheiro verde
Sal e pimenta à gosto
Azeite

Modo de preparo: Tempere e reserve o cação. Em uma panela de ferro, coloque o azeite, refogue a cebola e junte os outro ingredientes. Deixe dourar por alguns minutos e coloque o cação (cortado em postas). Deixe cozinhar por 30 minutos. Sirva com farinha de mandioca.

Rendimento: 6 pessoas da família do Mané.

Ana Maria do Nascimento
Elisângela Rangel
Maria Margarida F. Nazario
Sandra Regina Maurer
Sonia Maria Porcher
Viviane C. Bernardes